Quintal de olhar o mundo.

Quintal de olhar o mundo.

Esperar sentado na porta

Do quintal de olhar o mundo.

Aguardando chegada de amor

Empurrado no tempo.

Paciente como Drummond

Sentado na calçada da praia.

Calmo anseio desejo...

Carros, pessoas, pássaros,

Vida passando...

Levando, indo.

Levanto,

Chacoalho a preguiça,

Olho em dilema,

Caminho procuro?

Sentado esperar?

Lugar, momento,

Estado presente...

Abandonando inerte estado,

Tomar por abraço o vento,

Mirar ao céu a boca,

Beijos e canções ao vento soltar.

Acolher na face a brisa

De distantes bocas...

Mais e mais ventos

De todo canto lugar

A me rodear,

Ventos blasfemas descrentes

Pedintes flagelos em busca paz.

Ventos de açoites de gritos,

De sangue, pólvora,

Lamentos e choros

Que me cortam gelados

Na capenga alma ainda carente.

Implorando por uma gota só que seja

De quente balsâmico amor.

Me volto, me escondo

Das muitas clamas,

Re-clamas...

Sob o braço recolho meu assento,

Fecho a porta

Do quintal de olhar o mundo,

Fecho janelas,

Apago as luzes.

Deixo passar a noite,

Em elaborar de novas porções,

No repositório de amar.

Esperar novos raios matinos de luz,

Crer na existência da suave brisa.

Ganhar novo rompante

De esperança e coragem.

Abrir devagarinho a porta,

Em cautela,

Sutilmente sentar-me

No quintal de olhar o mundo...

(Jonathan Freitas)