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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Escuro.

Escuro.


Tudo semelha longe e distante,
Noite vazia e escura,
Nada fere o silêncio,
Nada quebra a luz ausente...
Mar...
Não há mar de ver.
Escura brisa a face
Cantando aroma de sal...
Passos de guia sentidos,
Quase iluminados
Da leve bruma suspensa.
Som de sereno dançando
Ao assentar da escuridão...
Riscos de luz
No ar de criaturas
Que sonho serem anjos
Cercando-me,
Protegendo-me,
Cuidando-me de bem...
Tento então fazer nada
Para que deixe de ser assim,
De estar assim.
Tudo em vida calmo,
Tranqüilo...
Na mesma paz feliz...


(Jonathan Freitas)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Meu vento.

Meu vento.


Trago comigo um vento de ir embora,
Embora nele tenha chegado,
Não me perco de meu vento,
Nem pode parar,
Vento parado deixa de ser vento,
E paro junto a ele...
Mas se parar vou assoprar,
Muito e muito forte assoprar,
E se não bastar,
Vou cantar,
E cantando logo dançando,
Girando...
Dançando...
Cantando...
Assoprando...
E o vento formando
E levantando disparando
Como vento que torna ventar...

Sadio e sábio vento,
Sabe a hora de acalmar,
Abrandar ao balanço de rede,
Na mesma calma de secar varais
Sem poeira levantar...

Sabe também forte soprar,
Descompassado ofegar
Até suspirar do gozo
De todo o bom de viver...

Sou eu e meu vento,
Acintoso dissimulado vento...
Não há de segurar ou de amarrar,
Faz de conduzir-me,
E ao levar-me nem sempre
Para onde quero ir...

Desde meu primeiro sopro,
Meu vento...


(Jonathan Freitas)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Árvore seca.

Árvore seca.


A face do bem-mau gosto presente,
Torne a olhar,
Não de ver e enxergar,
Tome de sentir...

Coisa esquisita se sentir-se único,
Controversando só,
Controversando com só,
Despoje já essa merda de zelo umbilical,
Já nascemos e cá estamos,
Serventia pretérita para tantos,
Muitos sentidos bombardeantes,
Anunciantes de todo poder viver...

Torne a olhar,
Afaste-te caminhando de volta,
Faça reverencias ao tempo vivido,
Contemple sua sabedoria,
Agradeça...
Tão somente mais um ciclo findando...

 A face do tempo de germinar,
Florescer continuar em tempo a correr
Diante dos olhos presos...

Deixe viver,
Vale a pena.


(Jonathan Freitas)