Páginas

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cotidiano.

Cotidiano.


Lembranças de sombras
Não me causam
Mais o medo sentido.
Nem novas sombras,
Acostumei-me as tentativas da luz.
O mundo em que piso
Aqui e acolá,
Ainda é o mesmo,
De passagem ligeiramente
Transformado,
E o tempo passado.

Vejo-me sonhando
Novos e velhos sonhos,
Que como telhados
Em crescente número
Aglomeram-se nos olhos
Na paisagem...
Telhados não se erguem
Sem suas paredes
De sustentar...

Andar, caminhar
E viajar...
Espaço e tempo,
Nada faz novo
Se não por sentir o ato,
O momento no instante
E situação de viver...

Desperdício e degrado,
Se não de mãos próprias,
Fazer no conduzir das rédeas,
O novo germinar.
Este que se desvaloriza temporal,
Com a desmedida partilha,
A mesma de fazer
Alegrar os olhos...

Não quero compor sozinho
Minhas novas canções,
Mãos e abraços,
Compartilharão em sincronia
A partilha no mesmo instante
Ato do tempo corrente...

Muito ainda discorre sem sentido,
Por ora sem sentido,
Talvez a graça esteja
No olhar atento
Ao que parece não
Mover-se,
Nada é inerte
Ao movimento universo.
E tudo se renova
Em todo instante tracejante...


(Jonathan Freitas)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Beijo roubado.

Beijo roubado.


Encanto luz de primeiro olhar,
Desejo tímido contido
De tomar-te de assalto,
O beijo...
Instante regido de indecisão,
Marcado de, e se,
Sim ou não...
Sensato sentido somente
Na segunda luz,
Quando tomado súbito,
No mesmo sonhado assalto,
Tomas meu beijo...
Na mesma duração estremecente,
Estonteante, apaixonante do beijo,
Na mais desarvorada forma
Busco o que fazer,
Dizer ao findar do colho acometido...
Temor de desprender tua boca,
Em somas de infinitar...
Mas se dá o momento de olhar,
Calar...
Olhar...
Sorriso...
Olhar...
Beijar...


(Jonathan Freitas)
 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Reflexão.

Reflexão.


O contrario de alegre é triste, o de feliz é infeliz. Não consigo mensurar um ser humano infeliz. Prefiro supor que pessoas que assim se consideram, podem talvez, melhorar sua condição com mudanças no olhar.

Considero nosso estado vivente por si próprio, uma grande felicidade repleta de momentos alegres, e alguns nem tanto. Todas as situações a que somos acometidos, tem seu lado bom, outro nem tanto. Em momentos adversos, pode ser difícil ver e exaltar tais facetas destes momentos, mas estão lá, e existem.

Gosto muito daquele comercial de refrigerante, que diante de um copo pela metade, questiona se enxergamos o copo meio cheio, ou meio vazio. Nossa atitude, nosso posicionamento mental, faz muita diferença na forma como elaboramos diante de situações, e nos resultados obtidos.

Os sentimentos que preferimos nutrir funcionam como uma espécie de indicativo para o caminho que trilharemos. Sentimentos ruins, caminhos mais complicados. Por exemplo: quando não conseguimos perdoar, carregamos mágoa, e mais dor, que poderíamos evitar.

A forma como nos dispomos a conhecermos a nós mesmos, nossa disposição e vontade para tal, tem direta influencia sobre nossa forma de olhar, ver, sentir, deliberar e agir. Quanto menos nos conhecemos mais rápida se dá nossa reação. E quanto mais rápida se dá nossa reação, menos possibilidades deixarão de serem analisadas. Assim sendo, menores as chances de termos optado pelo melhor caminho.

A forma como medimos as conseqüências de nossas ações, tem influencia direta no meio em que vivemos. Exemplo: quando nos preocupados com o correto destino que damos aos nossos descartes, lixo e tudo mais que julgamos não mais nos servir, reflete nossa contribuição para o mundo que queremos viver, que queremos para nossos iguais, e para as gerações futuras. Soma-se a isto nossa responsabilidade de nossos atos influenciarem, direta ou indiretamente nas ações dos seres a nossa volta. Ou seja, em algum momento, algo é copiado.

Em algum momento nosso mundo passou a existir. Não vou questionar a forma como se deu tudo que temos desde o início até o momento em que nossa história começa a ser contada em registros, verdadeiros ou não. O fato é nosso mundo existe, e estamos aqui, presentes, vivendo.

A descoberta de que a vida em coletividade, organizada em sociedades é fundamental para a evolução e os resultados atingidos até então, nos dão um bom indicativo de nosso papel em nosso meio. E suponho ainda que gostaríamos que algumas catástrofes não naturais, e até mesmo pequenas mazelas evitáveis não acontecessem. Mas continuam a acontecer.



Não vou mencionar o amor. Este e suas facetas se faz presente e necessário em absolutamente todo o contexto.

O mundo em que vivemos, é exatamente a colheita da contribuição do semeio de cada ser, passados e presentes.


(Jonathan Freitas)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Surgimento.

Surgimento.


Surpresa te ver,
Surpresa por desconhecer
O tempo de ver,
Sem preço apreço.
Lua de roda gigante,
De gira mundo,
De sol e lua...
Para sempre ver,
Bastando aprender com a chuva,
O fato certo tempo
De cada melhor tempo
De cada tempo de ver...
Levante, virada de fatos,
Predispostos fatos...
Existentes...
Sem preponderar
Momentos,
Sem regrar o tempo de sentir...
Sem vesperar...
De simples encontro,
O surgido momento.
E da hora de sonhar,
Ao momento despertar,
Somente te faço de mim,
A certeza que ontem
Não tivemos...
Movendo por sim,
Apenas se dão
Os desejos de sonhar...
Onde nada se dá de segurar,
Ou de existir que não apenas
De dentro querer.
Surgimento de esquinas
Acenando novos seres,
Novos fatos.
Desconsiderados que por hoje
Ganham brilho reluzente.
Mudar o novo,
Novo surgimento,
Novo ser
No nascer dos dias.


(Jonathan Freitas)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Arrumar a cama.

Arrumar a cama.


Não quero arrumar a cama,
Queria para sempre
Contemplar os moldes estampados.
Mesma forte marca do poema
Concebido na areia de beira mar,
Feito para desaparecer
No movimento das águas.
Guardar os sentidos,
Até que sejam esquecidos...
Guardarei algumas coisas de ver,
Ter o de enxergar ao mirar idos.
Algumas histórias de cantar...
Mas precisamos desfazer a cama
Do nosso breve instante.
De moldar nossos corpos
No leito ninho...
Repare as formas
Do lençol somente
Na hora de fechar os olhos,
Quando a volta de dentro
Transpirar as sensações
Do momento de moldar a cama.
Guardarei somente os moldes...
E assim cantarei feliz,
Ao lembrar-me do gozo
Ao ser paixão,
Pelo gozo ao ser paixão.


(Jonathan Freitas)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Trechos do livro: “O livro que nunca vou acabar de escrever.”

Trechos do livro: “O livro que nunca vou acabar de escrever.”


“... e mencione frustrações ao lembrar-se da cegueira no ato em que em “vermelho” o caminho era apontado...”

“... depois faça as contas olhando para os rastros deixados pelo seu amor...”

“...recusou-se a amar com a mesma dignidade do ser de casco e rabo aterrorizado  com o primeiro arranhão...”

“...na pior das dores sentidas antes do fim, foi consagrada na insegurança, na fraqueza convalescente do tombo, a incerteza de ser amado...”

“...no primeiro momento de solidão, a dor mais egoísta se deu a pungir, referenciando-se como o mais triste ser... Pobre tolo, mais do surpreendente lhe riscará a face em atenção...”

“...coisa mais comum é a adubação do remorso, a negação dos sentidos, alimentar-se da mentira a alma e coração... Tudo bem, a fingida felicidade ainda convence...”

“...e quando pretenderes alcançar-me, construa asas maiores que as minhas... Será a forma de compensares o tempo na distancia... Quanto as emoções perdidas não saberei sugestionar...”

“...vê só, repara como a rima contrária ao amor, paira sobre a paixão... Natural que seja, cada algo com seu contrário... Difícil é conceber em discernimento algo oposto equilibrando com a inveja...”

“...tudo bem, sangue de barata para dar risada  ao viés de lamentar, mas nada como esperar pelo acontecimento da sentença de Lavoisier...”

“...algumas coisas são muito extremas, certo ou errado, verdade ou mentira, bom ou ruim.... Na hipótese menos ruim, passa-se invisível ao preconceito, mas sempre tem um filho da puta com o dedo em riste, anunciando o ser que destoa do sagrado convencional...”

“...a diferença entre remédio e veneno, pode ser a dosagem... Compara lá com aquele lance que virou bordão, razão e emoção... Nem me fale o que tomou, posso vomitar...”
“... a maneira mais simples, fácil de me chatear, é me ignorar depois de me cativar... Se esforce um pouco mais para me magoar...”

“...para o amigo fiel disse que amizade não tem preço... Mas já inventaram uma combinação de algarismo capaz de arrancar os olhos da face... Todos conhecem pelo menos um amigo “cego”...”

(Jonathan Freitas) – do livro: “O livro que nunca vou acabar de escrever.”

domingo, 15 de maio de 2011

Surpresa.

Surpresa.


De surpresa fecharei teus olhos,
Mais que depressa no susto,
Tentarás reconhecer-me com as mãos,
Enquanto te deixo um beijo,
Te assustas do beijo,
E de não me conheceres
Por beijos...
No impulso tentas arrancar
Minhas mãos de teus olhos...
Mas és impedida pelo
Novo perfume que sentes,
E diz, confia...
Em lento suavizar,
Me buscas pela nuca,
Em frontal beijo
Buscas meus olhos
Escondidos mascarados,
Minha mão passa
A passear teu corpo
Que no mesmo abraço
Sente passear junto,
Meu corpo no teu...
Não há mais máscaras,
Não há mais nada,
Somente as peles
Fusas no mesmo suor,
E somente palavras
Ditas e lidas nos olhos,
Pulsadas no mesmo ofegar,
Se acalmam no beijo
De acalmar,
De dizer...
Nada dizer...
Olhar...


(Jonathan Freitas)

domingo, 8 de maio de 2011

Centelha.

Centelha.


Então foi isso,
Depois de vertida
Em desacreditada,
Guardada somente
Por relembrar...
Foi vitimada da certeira
Centelha iniciadora,
Renovadora, avivadora...
Vendo tudo isso,
E longe veio aquele vento,
O mesmo infinito universal,
E de leve pôs-se a soprar,
Acelerando a consumição,
Iniciando a conspiração...
Vendo os céus a nova chama
De luz clara e boa,
Passou a mais ventos
Avivadores enviar,
Dutos sintônicos acendem,
Retornando a fluir,
Vertendo a girar,
Mirando sublime
Ao temporal momento sentimento,
Da doce ira furor
Em estado de amar,
Consumando-se no ligar
Da centelha de paixão
Estalada do encontro do olhar...
Dar de resistir até se dá,
Apague a centelha.
Mas sofra do remorso de não ter,
Mais uma canção de assobiar sorrindo...


(Jonathan Freitas)

domingo, 1 de maio de 2011

Inevitável.

Inevitável.


Um vento quente sugou-me
De lado a face...
Empurrando meus olhos
Ao rumo desconhecido,
Somente cessando,
Ao dar-me de ver os teus...
E de pronto anunciou
A nova paixão.
Sem tempo de nada.
Medo, receio, cautela
Ou tentar negar.

Não houve tempo
De para mim mesmo mentir,
E covardemente tentar fugir
Do visgo neutralizador das faculdades,
Catalisador da tolice de amar...

Despertado do vácuo da
Lacuna temporal,
Dei-me conta dominado,
Cativo da inesperada
Fulminante paixão...

Dei-me sem juízo a debochar
Da rima contrária do amor.
Na coragem desmedida
Do ser extasiado,
Pus-me de simples a gozar
Da vindoura certeira felicidade infinita...

O pára-quedas não abriu,
E na mais difícil maneira
Voltei ao chão,
Olhei a volta ao tempo do chão,
Ainda a tempo de sentir,
O sabor do beijo deixado...

Dou-me feliz,
Amei a mais sem querer...

Portas e janelas abertas,
Ventos se dão...



(Jonathan Freitas)

O 4º Poema.

O 4º Poema.


Imagino o nosso universo,
Como uma rosa botão,
Um montão de pétalas camadas.
Porém,
Cheias de janelinhas.
As camadas do nosso universo
Se movem independentes,
Aleatoriamente...
Em todos sentidos,
Direções, momentos
E velocidades...
No tracejar das órbitas,
Por vezes,
Janelas se alinham,
E por dádiva de luz,
Cantos escuros
Revoltam aos cantos...
Do longe distante infinito
Chegam as canções
Que compomos...
Em pairamento sobre
O solo iluminado,
Em suave assentar
Despeja o orvalho dos sentidos
Sobre os bulbos dormentes
De encanto, magia,
Fantasias, sonhos,
Doçura e amor
Que despertamos
De não carregar...
E em avassal germinância
De brotos, raízes, caules,
Folhas, frutos, flores
E perfumes entrelaçados,
Volta de doida a gritar
A paixão calada...
E de entre as flores escondido,
Finjo desnotar a revivência
Esfuziante...

(sem tomar fôlego)

Mas descontrolado,
De dentro do fundo
Do peito rasgado
Liberta-se o brado
Eloquente sem juízo,
Sem paras de não te cabe,
Sem razão de distância,
Sem planos conseqüentes,
Sem medida cabente,
Sem chance passada,
Desejada sonhada
Onde de maneiras
Me engano sufocar
Para não te tomar
Na louca descontrolada
Paixão estrondante
Que busco calar...
Mas antes de qualquer razão
De tempo de raciocinar,
Sem mãos de segurar,
Se dá
O ameno solfejar
Cantante...
De...
 onde simplesmente
Ouve-se repetente ecoante,
Enfraquejando ao longe...
Te amo...
Te amo...
Amo...
...


(Jonathan Freitas)